A frase “Bitcoin resolve isto” tornou-se praticamente num lema entre os entusiastas de criptomoedas. A promessa é sedutora: um sistema financeiro descentralizado, sem intermediários, capaz de devolver o controlo do dinheiro às pessoas e retirar poder aos governos e instituições com interesses particulares. No entanto, com grande poder vem também grande responsabilidade.
O Papel da Regulação Tradicional
No sistema financeiro tradicional, quando alguém é vítima de fraude, roubo do cartão de crédito ou ataque informático, existem mecanismos de proteção. Os bancos e as seguradoras oferecem garantias, mecanismos de recuperação de fundos perdidos e medidas de mitigação de danos. A regulação, apesar de muitas vezes criticada pela comunidade Bitcoin, desempenha um papel essencial na defesa do consumidor.
No universo das criptomoedas a realidade é diferente. Não há entidades reguladoras que assegurem a devolução de fundos perdidos. O utilizador é o único responsável pela sua segurança. Se perder acesso às suas chaves privadas ou se for vítima de um ataque, não existe “rede de proteção” que o salve.
O Risco da Exposição Excessiva
É por isso que nunca é demais alertar para os perigos de estar “all in” em Bitcoin ou em qualquer outro ativo digital. Lidar com a volatilidade dos mercados já representa um risco elevado, mas a vulnerabilidade a ataques informáticos e a ausência de mecanismos de recuperação tornam a exposição excessiva muito perigosa.
Para figuras públicas ou com maior visibilidade online, o risco de se tornarem num alvo é ainda maior. A possibilidade de perder tudo num único ataque supera, muitas vezes, os potenciais ganhos de manter grandes quantidades de valor em criptomoedas.
Ser o Seu Próprio Banco
Possuir criptomoedas significa assumir o papel do banco, o que implica a adoção de medidas de segurança equivalentes às que uma instituição financeira utiliza para a proteção do seu capital.
- Guardar chaves privadas em dispositivos seguros e offline (cold wallets).
- Utilizar autenticação multifator em todas as plataformas.
- Evitar práticas descuidadas como reutilização de passwords ou armazenamento inseguro de dados.
- Múltiplos backups.
- Aceder através de dispositivos seguros e devidamente atualizados.
Na maioria dos casos, quando alguém é vítima de roubo via digital a falha está mais ligada à negligência do utilizador do que à genialidade do criminoso. Ser um “maximalista” em criptomoedas exige vigilância constante e disciplina rigorosa.
O Lado Positivo dos Mercados
Apesar dos riscos, os mercados têm mostrado oportunidades extraordinárias, tanto no setor das criptomoedas como nos mercados tradicionais, surgem continuamente possibilidades de investimento, crescimento e a inovação continua a transformar o panorama financeiro, e quem se mantém informado pode beneficiar destas mudanças.
Bitcoin e criptomoedas representam uma revolução na forma como entendemos e usamos dinheiro, mas essa revolução vem acompanhada de responsabilidades acrescidas. Ser o seu próprio banco é libertador, mas também exige vigilância, disciplina e uma grande consciência dos riscos adicionais. Para quem não está preparado para assumir essa responsabilidade, talvez seja mais prudente procurar alternativas seguras.